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agile Engenharia de Software

Dentro do táxi – iteração 2

Talvez você não conheça a interessantíssima analogia que Alexandre Magno fez do desenvolvimento de software com uma corrida de dentro do táxi.

Basicamente o texto conta a história de uma corrida de táxi onde o motorista mesmo tentando as melhores alternativas, não conseguiu chegar ao destino (aeroporto) no tempo prometido. De fora do táxi não seria possível perceber todo o empenho do motorista, apenas de dentro, essa é a moral da história, para sempre colocar o seu cliente “dentro do taxi ” para ele compreender todas as dificuldades que nós, pobres mortais da informática que passamos no ciclo de vida do desenvolvimento.

Essa história foi levada para uma reunião para justamente tentar mostrar por que um projeto levou meses a mais do que o planejado para ficar pronto. Depois de detalhada toda a história do táxi e sua lição de moral, eis que surge a voz do patrocinador:

– Tá, mas a questão não é se eu vou pagar a corrida ou não. O avião se foi, e imagine que eu tenha perdido um contrato de 2 milhões nesse vôo, então eu pagar ou não o táxi não me ajuda em nada.

Com essa resposta, resolvi criar uma nova versão da história para o cliente perceber que o papel dele não se limita a presenciar as dificuldades do desenvolvimento de software, é mais que isso…

Dentro do táxi do Seu Gomes

30 de abril de 2008, São Paulo , bairro de Moema.

Em plena véspera de feriado, o Seu Lemos precisa pegar o último vôo para o México para fechar um grande negócio. O problema é que ele está muito longe do aeroporto, seu carro quebrou e ele só pode ir de táxi. Em véspera de feriado o trânsito está péssimo e os pontos de táxi completamente vazios.
Para a sorte de seu Lemos, tem só um parado no ponto, é o táxi do Seu Gomes!
– Para o aeroporto de Guarulhos, amigo. Por favor, estou atrasado!
– Boa tarde para o senhor também , o meu nome é Gomes. Só tenho um problema, eu não conheço direito o caminho até lá, eu me oriento pelas placas.
– Como assim, você não é taxista?
– Sim, eu dirijo há 18 anos na minha cidade, mas vim para a capital faz poucos meses. O senhor não tem muita opção no momento, tem?
– Não tenho mesmo, vai dirigindo que eu te oriento. Eu preciso chegar lá em duas horas, senão não terei tempo para embarcar, vamos fechar o preço em 150? Isso é mais do que o valor normal, mas eu espero que você chegue lá o mais rápido possível, ok?
– Fechado doutor.
Na pressa o Seu Gomes pega a avenida principal e sai na correria. Pressionado pela pressa do passageiro, não percebe que pegou a avenida no sentido oposto ao aeroporto.

Nesse momento temos dois finais diferentes, conforme a atitude de Seu Lemos:

1- Seu Lemos ajuda o taxista

Ao perceber o problema, o Seu Lemos imediatamente fala para o apressado motorista corrigir sua rota.
Apesar de estar muito ocupado, o executivo identificou que sem sua orientação o taxista ficaria cada vez mais longe de seu destino, o que comprometeria a sua viagem.
Então, de tempos em tempos o Seu Gomes analisava a situação e mantinha a comunicação com o motorista, sempre mostrando as melhores opções de rota.
Final feliz: o Seu Gomes chega no horário e seu Lemos aprende mais um caminho que pode utilizar numa outra ocasião.

2 – Seu Lemos ignora o taxista

Seu Lemos tem muito o que fazer e resolve reler as propostas que está levando para viagem. Depois de 20 minutos de atenciosa leitura, resolve olhar para fora e se assusta ao ver que está no momento mais longe do aeroporto do que antes. Seu Lemos dá uma bronca no motorista e orienta o caminho correto. Os dois começam a discutir. No final de toda a discussão o diálogo se resume a :
– Eu avisei doutor, o senhor precisava me orientar, eu não sei de tudo. Eu chamei o senhor, perguntei se tava certo o caminho, e o senhor não me respondeu.
– Vocês taxistas são todos iguais. Você deve cumprir o prazo que prometeu.
Seu Lemos perde o seu vôo, mas fica no aeroporto para trocar a passagem. Mesmo com certo arrependimento, paga a corrida e sai do carro com cara de injustiçado. Seu Gomes volta para o seu ponto imaginando o que disse de errado…

Moral da história:

Além de presenciar as dificuldades de um processo de desenvolvimento, o seu cliente deve estar comprometido com o projeto, pois ele é o maior beneficiado.

Esse relacionamento é quase como uma dança de salão, uma pessoa se move e outra conduz, corrige os movimentos e ambos se movem em harmonia.

Se o cliente abandona a situação e depois de seis meses vem cobrar resultados, o que vai acontecer todo mundo já sabe e provavelmente já passou por isso.

Fernando Boaglio, para a comunidade. =)