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Oracle com Linux – um FAQ diferente

Sempre me perguntam sobre o uso de Oracle com Linux, qual distribuição usar, como funciona o suporte, ou então ouço críticas um tanto exageradas sobre a falta de suporte para as distribuições mais usadas.

Então resolvi fazer esse FAQ, por isso vou continuar esse artigo no formato adequado.

1. Quem veio primeiro, o Oracle ou o Linux?

A Oracle veio bem antes. Tudo começou quando em 1977 Larry Ellison, Bob Miner e Ed Oates formam a SDL (Software Development Laboratories) para desenvolver um projeto exclusivo para a CIA (codinome: Oracle). Esse projeto foi encerrado no ano seguinte, quando finalmente o produto pode ser comercializado para entidades não governamentais. Mesmo assim até hoje existe uma versão chamada Trusted Oracle que é distribuída para grandes empresas somente com a aprovação do Governo americano. Trata-se de uma versão do banco de dados Oracle com um grau de segurança altíssimo.

O Linux surgiu em 1991 quando Linus Torvalds utilizava o MINIX de Andy Tanenbaum e resolveu criar a sua própria versão gratuita.A versão 1.0 veio somente em 1993, atualmente estamos na versão 2.6 e o empenho em suas melhorias cresce a cada dia.

2.Qual foi a primeira versão do Oracle para Linux?

A primeira versão oficial foi a do Oracle 8; mesmo assim existia o SCO (Unix para Intel pago) que possuía versão oficial do Oracle 7. Na época o Linux utilizava o ibcs2 que emulava o SCO em Linux, e era possível emular o Oracle sem problemas, inclusive rodavam mais rápido que o próprio SCO.
Essa versão, como todas as primeiras versões de alguma plataforma, tinha seus problemas. Ativando o crescimento automático do banco de dados (AUTOEXTEND ON), os datafiles se corrompiam facilmente, muitas vezes invalidando todos os dados. Nas primeiras versões da plataforma Windows problemas parecidos também foram identificados.
Nessa época eu elaborei alguns documentos sobre o assunto.

3. Por que quando se instala o Oracle no Linux precisa mudar tanta coisa e no Windows não se muda nada?

Bom, não só no Linux, mas em outras plataformas, como Solaris, é preciso alterar uma dezena de parâmetros do sistema operacional para instalar o Oracle. O Windows também sem uma área de swap adequada também não é possível instalar o produto. Por ser muito customizável, o Linux possui alguns parâmetros interessantes, como o SHMMAX, que define o tamanho máximo de bloco de memória que o sistema operacional utiliza.

4. O Oracle funciona em qualquer distribuição Linux?

Se tirarmos aquelas distribuições mini, que rodam com pouquíssimos recursos, como o MuLinux, Toms e Coyote; o Oracle funciona em todas elas.
O problema é que o instalador espera o local de alguns aplicativos como cp, ls em diretórios específicos, o que pode variar nas diferentes distribuições linux. Além disso o Linux é certificado para poucas distribuições linux, e o instalador confere se você está usando alguma delas através de algum arquivo texto dentro do diretório /etc .

5. Qual distribuição de Linux usar então?

Tudo depende se você precisa utilizar uma versão homologada pela Oracle. Se por acaso essa versão for a que a Oracle sugere em seu site , tudo bem, instale conforme a documentação oficial.
Usar uma versão homologada significa que é possível ter suporte da Oracle, se você estiver pagando por isso. Instalar o Oracle num Debian,Slackware ou Gentoo é perfeitamente possível seguindo alguma documentação alternativa da Oracle, mas se você chamar o pessoal da Oracle para olhar o seu ambiente, eles vão te falar: “sinto muito, essa distribuição não é homologada!”. Atualmente temos duas principais distribuições: a SuSE e a Red Hat.
A Red Hat faz uma versão corporativa (RHAS: Advanced Server) e uma para a comunidade. Como o nome do “chapéu vermelho” ficou muito mais ligado à versão comunitária, a empresa resolveu lançar essa mesma versão com outro nome: Fedora (que também é um tipo de chapéu, igual ao do Indiana Jones).

6. E por que a Oracle não oferece suporte para as versões mais populares?

Existe uma diferença de tendências dos dois lados:

O lado da Oracle: o quanto mais estável for, melhor.

O lado do Linux: o quanto mais recente for, melhor.

Para equilibrar esses dois lados a Oracle optou por homologar poucas versões que sofrem atualizações pouco frequentes. Hoje existem mais de 300 distribuições Linux, que sofrem atualizações diárias, seria quase impossível manter patches para toda essa comunidade.

Espero que isso esclareça as principais dúvidas sobre o assunto.

Fernando Boaglio, para a comunidade. =)

Referências:
Oracle on Linux FAQ
Enterprise Linux – Oracle on Linux